Dito e Feito #11 Colectivo Pizz Buin
Para este podcast, Pizz Buin propõem-se a criar uma peça sonora a partir das gravações feitas do trabalho Metapelho, de 2008.
Pizz Buin faz uma reflexão sobre a interdependência dos discursos na arte e consequente legitimação de qualquer obra/ação por intermédio de um discurso de carácter mais, ou, menos institucionalizante. Este fluxo de matérias e assuntos em constante circulação obedece a uma trajetória local e temporal aparentemente definida.
Os discursos são, assim, omnipresentes e por isso produzidos pelos diversos atores da sua instituição (artistas, comissários, críticos, instituições, museus, academias), apresentando diversas funcionalidades (desencriptação, contextualização, hermetismo, historicismo, informação) e surgindo através de vários formatos (material impresso, literatura, online, conferência, discurso em direto, discurso indireto).
Se a obra existiu no mesmo tempo que os seus discursos correspondentes, ambos, na verdade, não partilham “materialmente” o mesmo espaço na história. Só agora com alguma distância, podemos analisar com profundidade esta experiência, auscultando ao pormenor a atualidade dos seus problemas e urgências.
Revisitar esta peça, hoje, não significa voltar atrás. Significa reconhecer a sua atualidade, interpolar/interromper o seu estatuto de coisa estabilizada, tornando-a de novo presente e ao fazer isto, abrir a possibilidade de contaminar o seu tempo histórico. Evocar essa qualidade de ser contemporâneo de que fala Agamben, e avançar com a possibilidade de ir reescrevendo a história, a partir daqui.
Metapelho redux, parte do material recolhido da performance original Metapelho, em 2008 e que teve lugar na Avenida da Liberdade, 211, contando com a participação de António Sousa, Celso Martins, D. Sebastião, Filipa Oliveira, Gonçalo Pena, Jorge Martins Rosa, José Miranda Justo, Miguel Borges, Pedro Oliveira e Pedro Proença. Pizz Buin é um coletivo artístico formado em 2005 nas Caldas da Rainha por Rosa Baptista, Irene Loureiro, Vanda Madureira e Sara Santos.
Mais informações em http://pizzbuin.com/.
Pizz Buin é um coletivo artístico formado por Rosa Baptista, Irene Loureiro, Vanda Madureira e Sara Santos, em 2005, nas Caldas da Rainha, na ressaca da produção artística e das teorias modernistas, ainda acesas no contexto especifico e institucional da escola de arte.
Em consequência das novas abordagens e relevância dadas ao espaço artístico institucional, intencionalmente, este coletivo surge também inserido no sistema das artes com o propósito de a ele se dirigir.
Pizz Buin é um projeto aberto, ao qual é acrescentada uma nova definição sempre que o mesmo é discutido: é uma situação.
A grande dinâmica Pizz Buin reside no vivo, na comunicação/descomunicação. Até ao momento o grupo apresentou propostas que visam abrir a discussão, tomando como objeto-problema vários momentos do foro artístico: enquadramento da obra de arte, a sua vivência/sacralização, as referências anteriores ao objeto de arte, a história/atualidade, a situação vernissage, as exposições,… Os vários métodos de atuação (manipulação, apropriação, descontextualização, cut-up,…) vão também influenciar a construção e percursos da proposta, cujo sentido se encontra quando apresentados nos lugares de receção de arte.
As ações Pizz Buinianas assumem um carácter paródico e essencialmente cínico, traduzindo-se na recolocação de questões inerentes ao mundo da arte.