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13 Março
Ana Estevens, Leandro Gabriel e André Carmo

Práticas de Leitura: Atlas das Utopias Reais

Entrada livre
Discurso
Práticas de leitura

13 Março

sábado 13 março 15h

Na sala Zoom do TBA
Com interpretação em Língua Gestual Portuguesa
Com Ana Estevens, Leandro Gabriel, André Carmo, Marta Silva e Nuno Cavaco

Discurso
Práticas de leitura
Preço Entrada livre
Sala Zoom do TBA
Duração 2h

Ana Estevens, geógrafa, doutorada em Geografia Humana pela Universidade de Lisboa e investigadora efectiva no Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. É autora do livro “A cidade neoliberal. Conflito e arte em Lisboa e em Barcelona”, editado em 2017, pela Deriva e Edições Outro Modo.

André Carmo, geógrafo, professor auxiliar na Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora, investigador integrado no CICS.NOVA e investigador associado no CEG-UL. Trabalha sobre processos de transformação urbana, designadamente os relacionados com a cultura e as artes, sobre a questão do direito à cidade, da (in)justiça espacial, da cidadania e das dinâmicas de habitação. Em 2019, publicou o livro O Teatro do Oprimido na Periferia de Lisboa: Cidade, Cidadania e Arte.

Leandro Gabriel, geógrafo, desenvolve actualmente um projeto de doutoramento sobre a emigração de artistas visuais portugueses e o uso do seu capital transcultural na experiência migratória. É investigador associado do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e tem colaborado em vários estudos e projectos sobre actividades artísticas e culturais.

Marta Silva, formada em Dança e Ciências da Educação, trabalhou sempre ligada à área da cultura quer enquanto bailarina, professora e produtora com diversos públicos e instituições, em variados contextos sociais. Nos últimos dez anos tem aprofundado o seu trabalho de gestora cultural numa relação mais profunda com a intervenção social. Fundou e é directora da cooperativa cultural LARGO Residências, sediada no Intendente (Lisboa).

Nuno Cavaco, fez o nível secundário na Escola Secundária da Baixa da Banheira, na freguesia do Vale da Amoreira, é licenciado em  Geografia e Planeamento Regional pela  Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre em Ciências e Engenharia da Terra pela Faculdade de Ciências da mesma universidade. Trabalhou como Geógrafo na Câmara Municipal da Moita de 2001 a 2011. É desde 2013 Presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira.

Como nasceu a ideia de fazer esta publicação? Porquê?

A ideia de publicarmos este Atlas das Utopias surgiu durante um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia: RUcaS – Utopias Reais em Espaços Socialmente Criativos (PTDC/CS-GEO/115603/2009). Este é um trabalho coletivo que envolveu toda a equipa do projeto e três dos seus consultores (Teresa Barata-Salgueiro – IGOT –ULisboa, Frank Moulaert  e Juan-Luis Klein) que trabalharam sobre a cidade e o papel da arte e da criatividade na sua produção. As experiências relatadas nesta publicação são muito variadas e tiveram impactos muito distintos.

Este trabalho foi, posteriormente, aceite para publicação pelas Edições Outro Modo, Le Monde Diplomatique – edição portuguesa.

Quanto tempo demoraram a faze-la, conseguem contar-nos um pouco o processo e as suas condições?
 O projeto de investigação através do qual pensámos este Atlas teve um financiamento para três anos. Durante esse período realizámos trabalho de campo em quatro territórios com características bastante distintas: Mouraria e LxFactory em Lisboa, Vale da Amoreira no concelho da Moita e em Montemor-o-Novo. O trabalho de campo consistiu na aplicação de metodologias de investigação que se entrecruzaram (observação, observação participante, entrevistas, questionários, focus group) com o objetivo de respondermos a duas questões: i) O que dão os artistas ao lugar?; ii) O que dá o lugar aos artistas?

Através destes quatro espaços quisemos “compreender os processos que desencadeiam as práticas (…) porque possibilitam o enquadramento das ideias e das ações no seu contexto temporal e geográfico” (André, 2016: 62). Deste modo foi possível olhar para a diversidade dos territórios: o centro histórico da cidade de Lisboa (Mouraria), um brownfield – antiga área industrial atualmente abandonada (LxFactory), um subúrbio socialmente desfavorecido e localizado na margem sul da metrópole de Lisboa (Vale da Amoreira) e uma pequena cidade numa área rural relativamente próxima de Lisboa (Montemor-o-Novo). Claro que se voltássemos a fazer o mesmo exercício neste momento (7 anos depois) o ponto de chegada não seria o mesmo. As transformações económicas, sociais e políticas dos últimos anos tiveram grande impacto nestes territórios. Algumas já se perspetivavam, mas outras foram maiores do que o previsto.

Para além destes quatro casos, este Atlas centra-se, também, numa dimensão contestatária, a que chamámos “Descontentamento criativo” que está associada às artes. Assim, debruçámo-nos sobre as “Expressões artísticas do descontentamento” onde através do discurso é possível chegar-se a práticas mais democráticas que reflitam novas visões culturais e políticas, despertem a consciência cívica, lutem contra a inércia e a ordem estabelecida ou aumentem a visibilidade do movimentos sociais; sobre as geografia contestatária republicana na literatura, onde Aquilino Ribeiro teve um papel de destaque; e sobre a street art de uma cidade de Lisboa em crise, onde se pôde observar a cartografia dos murais, graffitis, stencils e colagens.

 

Que mais tinham pensado que coubesse nesta edição e acabou por não caber? Porquê?
Tratando-se de um projeto de investigação, a informação recolhida é sempre muita e é difícil compila-la numa única publicação. Ao longo dos três anos do projeto foi feita a divulgação de muito do trabalho que estava a ser desenvolvido em conferências ou em artigos publicados em revistas. Mesmo assim, ficou muito material por ser tratado. Por exemplo, entrevistas. Temos entrevistas que mereciam ser publicadas. Contudo, devido a condicionamentos de espaço e de custos que uma publicação deste tipo exige, estas não puderam ser publicadas.

 

Contam fazer mais edições? Qual a regularidade do projeto?
Este foi um projeto com um financiamento para três anos e que acabou. Contudo, a pesquisa sobre a temática em causa não se ficou pelos três anos de financiamento. Outros projetos surgiram, como o projeto Ágora – Encontros entre a cidade e as artes, que terminou no passado mês de dezembro. No entanto, esta cadência, nem sempre certa, dificulta a continuidade de um trabalho mais aprofundado, a par de questões de precariedade laboral que, também, estão bastante presentes nas carreiras artísticas. A falta de um pensamento/planeamento de futuro leva a que algumas barreiras sejam colocadas no desenvolvimento de trabalhos de investigação deste género.

Como tem corrido a distribuição? Onde se pode encontrar?
Este Atlas foi distribuído em outubro de 2016 com o jornal Le Monde Diplomatique – edição portuguesa. Interessava-nos ter um público mais vasto que o académico e uma divulgação mais democrática do trabalho científico que se realiza dentro da universidade. Quisemos que este trabalho saísse do espaço académico e encontrasse outros interessados pelo tema.

O Altas esteve à venda por todo o país nos quiosques e bancas de jornais quando o publicámos e, posteriormente, ficou à venda na rede de “Livrarias Amigas” da cooperativa Outro Modo, em feiras e em venda direta através da cooperativa. No momento da sua publicação fizemos algumas apresentações e discussões sobre o Atlas.


Que comentários têm tido?
Quando fizemos as apresentações do Atlas foi curioso perceber o interesse de um público não académico por estas questões e compreender que as dinâmicas que nos interessaram tratar nesta publicação têm fronteiras mais amplas do que julgávamos possível. Abrir o debate para fora da academia é um processo em curso que devia ser mais trabalhado e incentivado. Quando o discurso se fecha entre pares torna-se vazio e acrítico, não possibilitando outras abordagens e utopias.

Clique aqui para aceder à Sala Zoom do TBA: https://us02web.zoom.us/j/7723662478 

 

Nesta sessão de Práticas de Leitura online, a conversa é sobre o Atlas das Utopias Reais: Criatividade, Cultura e Artes, com a presença dos autores Ana Estevens, Leandro Gabriel e André Carmo. Numa altura de incerteza como a que estamos a viver atualmente, as utopias ganham outro significado. “De que modo podemos pensar as cidades para que estas possam ser vividas em qualquer altura?” é uma pergunta que persiste. A cultura e as artes podem ser um importante elemento para esta discussão e este atlas pode dar-nos algumas pistas de bons exemplos.

Os diversos capítulos deste atlas, editado por Ana Estevens com Isabel André e Leandro Gabriel, seguem um trajeto que parte de uma breve reflexão sobre o significado das utopias reais e a sua ligação à geografia emocional, tão nitidamente expressa através das marcas que a criação artística imprime nas paisagens. Num segundo momento, são apresentadas, em grandes traços, as ligações entre a arte e o território, quer através da localização das artistas e das práticas artísticas, quer indiretamente por via das suas várias expressões e impactos espaciais na regeneração e dinamização das cidades, na requalificação do espaço público, na configuração dos mercados ou nas estratégias de desenvolvimento local. No percurso seguinte, são detalhados cinco espaços socialmente criativos que permitem identificar com maior precisão as práticas e os processos que produzem este tipo de meios desde Lisboa a Montreal. Na última etapa do trajeto, é lançado um olhar ao futuro, sendo comentado o papel do ensino artístico e revelada a faceta insurgente das artes e a sua importância no campo da inovação socioterritorial.

Nesta sessão de Práticas de Leitura, a conversa centrar-se-à em dois capítulos. Se numa primeira parte se falará de quem são os criativos da e na cidade e quais as atividades e profissões artísticas, criativas e culturais, num segundo momento da conversa iremos visitar territórios concretos – a Mouraria no centro de Lisboa e o Vale da amoreira na Moita- e perceber qual o papel da criatividade na produção de utopias reais.

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