Fred Moten ensina Black Studies, Teoria Crítica, Estudos de Performance e Poética no Departamento de Performance Studies da Universidade de Nova Iorque. É autor de In the Break: The Aesthetics of the Black Radical Tradition e da trilogia consent not to be a single being, entre outros. Em coautoria com Stefano Harney escreveu The Undercommons: Fugitive Planning and Black Study, A Poetics of the Undercommons e All Incomplete.
Organização Paula Caspão | Expanded Practices, Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
*O CET é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito dos projetos “UIDB/00279/2020” e “UIDP/00279/2020”
Comité Científico Peripatético Paula Caspão, Valentina Desideri
Tradução Francisco Silva, Nuno Cerqueira e Vitória Auer
Em relação com os temas que abordará na conferência, Fred Moten propõe um dueto de poemas: notas de ladrilhar, de forrar e notas de ladrilhar, de calcificar.
notas de ladrilhar, de forrar |
Um rio é a agitação de um estúdio através da janela, |
alçada pelo apoio tímido desde o fundo do poço e |
ruído, uma sala, uma cela iluminada da forma que |
as paredes se retiram entre palmadas de juba e ladrilhado, |
o padrão no fundo do rio, todo ele absoluto |
e indiscernível a não ser que o percorras, no |
rio, enquanto rio, enquanto todo este tumulto giratório dos |
condenados e detidos, sous vide em segunda |
linearidade, desfilando neste forro da tuba |
saindo da linha de fundo toda e contra si própria |
em cadência de nódoas negras e o sorriso |
da beatrice ao ver todas as nossas pequenas diferenças |
juntas na venérea área de coleta, na sua |
agitação seriada daquilo a que sabemos e sentimos, |
inseparavelmente. É que há tantas maneiras de |
seguir pelo caminho. A milagrosa |
influência chega em ondas delta de ramo floridiano ou |
dupla fenda de mangue, gemidos de coahoma co. |
ou um oklahoming swingado – uma gap band ou uma falha na |
natureza meio a soar, afogar, queimar, este |
continuadamente caribenho estar em chamas do |
rio, de rio em rio ao canal e arrancado |
para outra porra de lugar que formamos na nossa |
reorientação lenape, a nossa delaware gap band, encaminhando |
geografia através de uma corneta de Sycorax que mapeia |
a cidade natural dentro e para fora da sua janela |
partida, cadência ainda a cruzar num estúdio móvel. |
Sem nome, e a fazer ondas, e a abrir caminhos |
é como soa: forrar, ladrilhar, gemer, |
sorrir, afogar, sangrar, arder, ver, |
enviar, a soar tal e qual o joseph daley, |
o thurman barker, o dave holland, e o sam rivers. |
notas de ladrilhar, de calcificar |
ladrilho, ou borrão, como se |
manchado ou pincelado, mas um corte |
de azul, carne cortada um vislumbre de |
azul para o trane, |
no homicídio geral, |
praticamente mudo para |
amadou diallo. |
tens de chegar |
tão perto para ver o reflexo e o brilho |
chegas demasiado perto |
para ver o clarão em chamas, ler |
o braille de tremor |
por entre o mar de entoação, éclat et clinger, |
e agarrares-te à firmeza |
da nossa função de onda, uma claridade |
de varredura a negro enquanto somos iluminados |
pela luz da madrugada com |
tamanha gravidade, um reunir |
de matéria/uma matéria |
de reunir a coroa rosa |
de jack whitten, a trabalhar violentamente |
com derramamento, trabalho |
feito de desfazer |
um amor monástico de sequência |
em lantejoulas, em espaço-tempo solene, |
intermitente, cosido com o |
peso decorativo de edward witten e |
bill frank whitten. |
este rolo de tela retalhada, flagelada, |
assemelha-se a ver com um filme. a superfície |
ferida, delineada, adora a planura com densa |
interpretação da personagem, mapeando aflita através de uma aérea |
ligação de terra, ornamento lascado, abrasão |
microtonal uma vez mais. o arrastado discurso textural |
de ladrilhar e tratar com cal, emma e emily |
a sussurrar, a precisa irregularidade |
do gesto anamosaico, é um habitat |
de escolas numa árvore bessemer, um recife de coros |
e uma sombra com um laivo azul, gráfico |
suave que chegue para a tess e mais |
e circundar. um totem é |
um teclado assombrado, e este engenhoso |
dispositivo mecânico é para que |
possamos diferir em práticas elegíacas – |
pois a crítica é divergência |
fundada e decifrar é |
a escala da separação. |