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05 - 12 Novembro
Raquel André

Exposição de Amantes

5€
Teatro

05 - 12 Novembro

5 a 12 novembro (exceto segunda e terça)
semana
17h00, 17h25, 17h45, 18h10, 18h30, 18h55, 19h15, 19h40, 20h00, 20h25, 20h45, 21h10, 21h30, 21h55

fim de semana
15h00, 15h25, 15h45, 16h10, 16h30,16h55, 17h15, 17h40, 18h00, 18h25, 18h45, 19h10, 19h30, 19h55, 20h15, 20h40,21h00, 21h25, 21h45, 22h10

Entradas de 25 em 25 minutos para 2 pessoas de cada vez
Em português e inglês

SESSÕES ACESSÍVEIS
Todas as sessões dispõem de audiodescrição, interpretação em Língua Gestual Portuguesa e versão para pessoas com audição reduzida ou nula
Se desejar visitar a exposição com recursos de acessibilidade, envie-nos um e-mail para bilheteira@teatrodobairroalto.pt

Teatro
Preço Preço único 5€
Palco da Sala Principal
Duração 30 min.

Classificação Etária:

M/16

De Raquel André
Cenografia José Capela
Com assistência de António Pedro Faria
Assistente de luz e cenografia Ana Carocinho
Música Odete
Desenho de luz Cárin Geada
Colaboração Artística Leonor Buescu
Produção Missanga
Difusão Mikado Blue
Coprodução Teatro do Bairro Alto
Projeto financiado pela Direção-Geral das Artes / República Portuguesa – Cultura
Fotografias Raquel André e Tiago de Jesus Brás

Raquel André é colecionadora, formadora, performer e criadora. No Rio de Janeiro colaborou em criações da Cia dos Atores e projetos no Galpão Gamboa. Trabalhou com adolescentes nos projetos Kcena no TNDMII e Labor no LU.CA. Coleção de Pessoas reúne Coleção de Amantes, Coleção de Colecionador_s, Coleção de Artistas e Coleção de Espectador_s.

A partir de encontros um_ para um_, Raquel faz espetáculos, performances, conferências, livros e exposições para criar um arquivo do efémero.

Interpretação em Língua Gestual Portuguesa e legendagem para pessoas surdas:

 

 

O teu frigorífico

 

Ainda hoje o faço: chegar a casa de alguém e abrir o frigorífico. Abrir-te o frigorífico. Perceber afinal o que é que tu comes. O que deixas estragar. O que não queres que se veja. É algo que faço cada vez menos, claro. Tenho a ideia de que com a idade começamos a visitar casas novas menos vezes, os amigos mudam menos de casa, os desconhecidos convidam-nos menos vezes para conhecer as suas casas, menos vezes desconhecidos passam a amigos. Sem esperar pela resposta: “Importas-te que abra o teu frigorífico?” Julgo que aí tornamo-nos mais íntimos. A fisicalidade aproxima. Já sei onde guardas o alho-francês, como arrumas a cerveja, se organizas os andares consoante o campo semântico dos alimentos, a sua ergonomia ou simplesmente segundo a lógica aqui-ainda-cabe.

 

Isto são coisas importantes. Os objetos estão sempre cobertos pela sua forma e não por aquilo que representam. São quase sempre apenas o que são. Ora isso não ajuda nada. Em Exposição de Amantes o frigorífico está forrado a encontros, a intimidades, ou seja, como deviam ser todos os frigoríficos. Tudo bem, é bom saber que foste a Palermo e a São Miguel — ou que alguém que foi a Palermo e a São Miguel se lembrou de ti por lá —, é bom saber o horário da escola dos teus filhos, é bom saber onde encomendas pizza, mas não seria melhor se lá estivessem outras coisas, menos concretas? Duas mulheres sentadas a uma mesa com uma garrafa de vinho. Um brinde. Um prato vazio. Um lençol que tapa meio corpo. Um polibã semi-ocupado.

 

Há mais de 7 anos que a Raquel coleciona amantes. Há mais de 7 anos que a Raquel propõe outras maneiras, outros ímanes de outras viagens, magnetes de nós, nós quando estamos a ser nós ou a tentar ser nós. Como é que se faz isso? Como é que conseguimos ser aquilo que anunciamos ser? Nesta casa-labirinto é bastante provável que choquemos connosco algumas vezes. Tonturas provocadas pelo excesso de informação; a tentativa de apreender tudo e tudo viver; a claustrofobia provocada por imagens sobrepostas, algumas semelhantes, mas que não cheiram ao mesmo; a teimosia dos rostos e dos corpos que o nosso cérebro insiste para que sejam rostos e corpos; selfies de selfies; a narrativa de cada imagem, de cada coluna de imagens, de cada divisão da casa; descrições falhadas de narrativas; falta de tempo para apreciar a tela. O que somos quando estamos em casa? O que somos quando estamos na casa de outros? Como é que é uma casa se inscrita num palco?

 

Não respondo. Não sei responder. A solidão não gosta de conclusões e eu também não. Acho que a Raquel também não. Se a solidão gosta da Raquel? Não sei, nunca lhe perguntei. É difícil estar sozinho nesta casa. Perdão: dificilmente se está sozinho nesta casa. E isso, tendo em conta o resto dos dias, sabe muito bem. Talvez não fosse uma desconhecida, mas hoje, seguramente, a Raquel é uma amiga. Importas-te que abra o teu frigorífico?

 

 

Miguel Branco, dramaturgo

Já reparaste no olhar del_?

 

Raquel André trabalha por acumulação. Ao longo de sete anos encontrou desconhecid_s em apartamentos desconhecidos, em várias cidades do mundo. Partilhou uma intimidade que registou em fotografia. Colecionou 287 amantes e mais de 7000 imagens. Na Exposição de Amantes, Raquel lança um novo olhar sobre estes documentos visuais, ao mesmo tempo que ressignifica a memória que guarda de cada encontro.
Em colaboração com o cenógrafo e arquiteto José Capela, a exposição performativa propõe-se reativar, dentro de uma casa-labirinto, a vertigem perante o que não conhecemos. Uma visita guiada onde cada espectador_ se perde e se encontra num espaço de intimidade.

 

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