Conferência de Ausentes
24 - 26 Fevereiro
quinta a sábado 19h30
Em português
Este espetáculo utiliza um dispositivo multimédia participativo, no qual o público é convidado a entrar em cena e será filmado para uso em direto dentro da sala durante a sessão.
FILMAGEM DE DOCUMENTÁRIO
No dia 25 fevereiro, a companhia Rimini Protokoll irá filmar a sessão para utilização num documentário sobre o espetáculo CONFERÊNCIA DE AUSENTES.
CLUBE ESPECTADOR
No dia 26 fevereiro, há uma conversa do Clube Espectador após o espetáculo na Sala Manuela Porto com moderação de José Maria Vieira Mendes
Classificação Etária:
M/12Conceito, texto, direção Helgard Haug, Stefan Kaegi, Daniel Wetzel
Desenho de vídeo e de luz Marc Jungreithmeier
Desenho de som Daniel Dorsch
Pesquisa, Dramaturgia Imanuel Schipper, Lüder Pit Wilcke
Voz narradora Maria Ana Freitas
Vozes nos auriculares Marco Paiva e Nádia Yracema
Cooperação e educação política-cultural Dr. Werner Friedrichs
Direção de produção Epona Hamdan
Produção em digressão Vera Nau
Assistência de dramaturgia Sebastian Klauke
Assistência de direção Lisa Homburger e Maximilian Pellert
Assistência de cena Maksim Chernykh
Assistência de produção Federico Schwindt
Uma produção Rimini Apparat
Coprodução Staatsschauspiel Dresden, Ruhrfestspiele Recklinghausen, HAU Hebbel am Ufer e Goethe-Institut
A criação do conceito foi financiada pela Agência Federal para a Educação Cívica
Condições de acesso
• À entrada do espaço, poderá ser medida a temperatura sem registo, enquanto a medida for recomendada pelas autoridades de saúde. O uso de máscara é obrigatório antes, durante e depois da sessão.
• Solicitamos que desinfete as mãos à entrada e adote as medidas de etiqueta respiratória.
• Mantenha uma distância de segurança e evite o aglomerar de pessoas.
• Traga o seu bilhete de casa ou, caso tenha mesmo de comprar o bilhete na nossa bilheteira, escolha o pagamento contactless por cartão de débito ou MBway.
• Nas entradas e saídas, siga as recomendações da equipa do TBA.
• Devido às indicações da Direção-Geral de Saúde, não é possível entrar na sala após o início da sessão ou alterar o seu lugar após indicação do mesmo pela Frente de Sala.
Procuram-se representações
Uma conferência repleta de participantes internacionais para a qual ninguém se desloca e que – por favor, outra vez não – não se deve resumir ao digital. Como é que isso funcionaria? Eis uma proposta: as oradoras entregam simplesmente as suas apresentações aos que lá se encontram e não têm de viajar de longe: a cidadãos da própria cidade em que decorre esta Conferência de Ausentes. Haverá um local mais apropriado para uma experiência como esta do que o teatro? A equipa de encenação e escrita dos Rimini Protokoll, juntamente com o público, tem precisamente a audácia de realizar esta experiência.
Tudo o que é necessário: uma espécie de manual da peça, as apresentações da conferência prontas e o apoio técnico no local. E, claro, pessoas do público. A vantagem, já agora: é possível participar nesta conferência várias vezes, é ligeiramente diferente de cada vez, tem um impacto ambiental relativamente baixo e pode realizar-se numa grande variedade de locais em todo o mundo – inclusivamente em simultâneo. Desta forma, as diferentes biografias, histórias, pensamentos e posições dos que não estão e não podem estar presentes encontram outros corpos todas as noites. E, ao mesmo tempo, o tema é a própria ausência: quais as várias formas de ausência? Onde e quando estamos ausentes? O que é que a ausência nos faz? Quando é que a ausência é uma maldição e quando é que pode ser uma bênção? Os especialistas desta conferência todos tiveram as suas próprias experiências.
Ao começar a Conferência de Ausentes, surge um jogo duplo que traça círculos: os presentes assumem o papel dos ausentes e, assim, os ausentes tornam-se presentes. Esta conferência causa interferências, como observa Werner Friedrichs no seu contributo para a folha de sala. Esbate as fronteiras entre histórias, identidades e corpos e, ao fazê-lo – isto parece certo –, aproximar-se-á repetidamente dos limites destes assim como dos seus. Mas, após meses de presença limitada de corpos a nível mundial e a ausência total de espectadores do teatro, é também uma rutura radical com este estado de coisas lamentável: entrega o espaço teatral – juntamente com o palco – ao seu público.
Ao contrário das peças habituais, ninguém determina o elenco desta. A questão de quem re/apresenta quem e o quê continua a ser sempre fruto do acaso. Quem representará quem esta noite, nesta atuação e neste local? A criação de diferença contingente, a perceção das diferenças que subitamente passa a ser possível e a abstração das semelhanças renova-se com cada atuação.
E ainda há mais: olhamos para o palco, para uma pessoa de entre nós, para dela ouvir uma história que não lhe pertence, mas que adota de forma lúdica por um momento. Mas de que forma a nossa perceção do que é dito é influenciada pela pessoa que fala – a sua aparência, a sua voz, a sua interpretação? E de que forma é que a nossa perceção de uma pessoa muda pelo que é dito? E quais as consequências efetivas da própria representação para os representantes ao darem a sua voz e a sua presença, aquele “deixar alguém falar por ti”? – Têm de ser vocês a experimentar. Algum voluntário?
Estamos em crise! E em tempos de crise global, é necessária cooperação global. Mas desta vez a crise é enfrentada localmente – em nome do mundo: numa conferência para a qual ninguém teve de comprar um voo ou apanhar um comboio de longo curso. Um espetáculo para o qual se convidaram especialistas e oradoras que não aparecem fisicamente, mas são representados por pessoas do público que só recebem o seu guião no início da apresentação.
Sem emissões de CO2 nem más ligações de Skype ou de Zoom, mas com todos os meios performativos disponíveis, as contribuições e teses contraditórias sobre as consequências da globalização serão proferidas na sala de teatro – e ali resolvidas.
O trabalho dos Rimini Protokoll tem expandido os meios do teatro para criar novas perspetivas sobre a realidade. Por Lisboa já passaram espetáculos como Mnemopark, Remote Lisboa, Radio Muezzin e 100% Lisboa.
Conferência de Ausentes encontra-se em digressão pela Europa com a organização do Goethe-Institut, passando por Bruxelas, Lisboa, Luxemburgo, Madrid, Paris e Roma, bem como pela Bienal de Arquitetura de Veneza.